sexta-feira, 29 de abril de 2011

Faltam cérebros no Brasil: a falta de profissionais especializados pode comprometer o crescimento do país?

20/04/2011

Faltam cérebros no Brasil: a falta de profissionais especializados pode comprometer o crescimento do país?

Em fevereiro, o ministro do Trabalho do Brasil disse que as empresas locais contrataram 280.799 trabalhadores. Foi uma alta histórica superando o recorde anterior de 34% há um ano. Enquanto isso, o desemprego no país, depois de atingir uma baixa histórica de 5,3% no ano passado, está em torno de 6% apenas. Num forte contraste com outras economias do mundo, há no Brasil uma ampla oferta de emprego. Por enquanto, parece ser um problema positivo, porém os especialistas se perguntam se o plano de crescimento das empresas pode ficar prejudicado se a oferta continuar em defasagem em relação à demanda.

"É difícil dizer se o Brasil terá a força de trabalho de que precisa no futuro", diz Rafael Pereira, analista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) do governo. "Temos os números, mas o problema é a qualidade. Muita coisa vai depender da disposição da empresa de treinar novos profissionais."

Em um novo relatório, o Ipea diz que se o Brasil crescer a uma média de 3,5% nos próximos dez anos, conforme aconteceu entre 2000 e 2010, a curva da oferta e da demanda de mão de obra especializada permanecerá relativamente estável, apesar de um déficit persistente em vários setores como, por exemplo, o de serviços financeiros e de engenharia. No entanto, se o crescimento for superior a 4%, o futuro do Brasil pode não ser tão promissor.

Mesmo que não haja um cenário ruim, o impacto da escassez de bons profissionais é perceptível. Uma das razões para isso é a migração, isto é, os trabalhadores da parte sul do país se deslocam em direção às regiões de maior crescimento do norte em busca de melhores oportunidades e melhores salários.

A imigração também está mudando. De acordo com o ministério do Trabalho, o número de profissionais estrangeiros autorizados a trabalhar no país subiu 30% em 2010, e hoje é de 50.000. A maioria é oriunda dos EUA e do Reino Unido, da Alemanha e das Filipinas. Paulo Sérgio Almeida, coordenador geral de imigração do ministério do Trabalho, diz que havia necessidade de muitos trabalhadores estrangeiros nas plataformas de petróleo em alto mar e no setor de gás: cerca de 15.200 no total. "O aumento se deve também à expansão do parque industrial brasileiro e à modernização da indústria, que nos obrigou a comprar equipamentos e tecnologia no exterior que exigem treinamento e supervisão especializada", diz Almeida.

Em busca de conhecimento

Nestes últimos anos de crescimento econômico, havia poucos trabalhadores altamente competentes e especializados na força de trabalho brasileira. Os engenheiros respondiam por 0,47% apenas da força de trabalho no final de 2009; diretores e gerentes, 1%, conforme dados do ministério do Trabalho. Se houver necessidade de uma mudança imediata, muitas empresas não estarão suficientemente preparadas, dizem os especialistas.

"O know-how de gerenciamento é um problema para as grandes multinacionais", diz Felipe Monteiro, professor de administração da Wharton natural do Brasil. Um caso específico é o da mineradora Vale. "A empresa tem operações no Canadá e na África, mas há uma escassez de profissionais na média gerência nesses países. Se compararmos a Vale com empresas como a IBM e a Unilever, veremos que elas estão mais preparadas para esse nível de know-how e de gestão de projetos internacionais do que as empresas brasileiras, que só agora estão chegando a esse nível."

A Vale, porém, está respondendo a esse desafio. Em 17 de março, o Wall Street Journal informou que a empresa gastará em torno de US$ 100 milhões em 2011, ou 50% a mais do que em 2010, para treinar novos gerentes de projetos de nível médio e sênior. O grupo de profissionais em treinamento este ano é o dobro de 2010 e conta com 29 brasileiros e 11 estrangeiros.

De modo geral, porém, o crescimento do Brasil se deu fora dos departamentos de RH das empresas. O setor industrial, que inclui energia e mineração, cresceu mais de 10% no ano passado. O surto de desenvolvimento na parte norte do país compreende, pelo menos, três grandes barragens hidrelétricas que requerem milhares de trabalhadores experientes, e também a reforma da infraestrutura de aeroportos, rodovias e portos a tempo para a realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. O governo diz ainda que quer colocar em funcionamento um trem-bala, que custará alguns bilhões de dólares, entre São Paulo e Rio de Janeiro até 2015 — um projeto novo que jamais foi tentado antes.

Esse crescimento é um fenômeno relativamente novo no Brasil e que não se via desde a época do "milagre", nos anos 80, quando o país estava sob a ditadura militar. Nos anos 90 e princípio dos anos 2000, o crescimento industrial foi praticamente nulo. Os estudantes não estavam interessados nos cursos de engenharia ou administração e o volume de formados nessas áreas diminuiu, diz Carlos Cavalcanti, diretor do Instituto Euvaldo Lodi de Brasília.

Em 2009, cerca de 38.000 estudantes se diplomaram em engenharia. Cavalcanti acredita que com o crescimento do PIB acima de 5%, o país precise de 60.000 engenheiros. Em 2010, apenas 9,3% dos formados nas universidades cursaram engenharia, conforme dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), com sede em Paris, ante uma média de 12,2% entre os países membros.

"As grandes empresas contratam rapidamente os estudantes mais brilhantes de administração e engenharia do país e os treina", diz Cavalcanti. "Contudo, as empresas de médio porte, que não têm marcas de prestígio, enfrentam dificuldades."

À medida que as empresas se tornam mais sofisticadas, o mesmo acontece às suas necessidades de mão de obra. Esse é o caso do próspero setor de açúcar e de etanol do Brasil. As empresas de setores voláteis e em rápido processo de globalização não precisam apenas de engenheiros químicos, mas de engenheiros químicos que entendam de agricultura ou de engenharia de materiais. "Houve muitas mudanças nas exigências feitas pelas empresas aos trabalhadores especializados da indústria do açúcar e do etanol nos últimos cinco anos", diz Antonio Pádua, diretor técnico da Única, associação das indústrias de cana-de-açúcar de São Paulo. Com o interesse mundial por combustíveis não fósseis, e a demanda pelo crescimento do etanol de cana-de-açúcar, "tornou-se necessária a presença de engenheiros ambientais, bem como de um novo tipo de gerente financeiro, além de engenheiros mecânicos e gerentes de primeira linha para as usinas de cogeração que entendam como se usa o bagaço (fibra) da cana-de-açúcar e o etanol na geração de eletricidade. Isso era, e continua sendo, novidade para o mercado de trabalho".

Precisa-se de especialistas

Os níveis salariais, de modo geral, estão em elevação para todo tipo de engenheiro e de gerente. De acordo com a Catho, empresa local de recrutamento de executivos, o salário médio de gerentes de nível sênior subiu 20% desde 2008, e hoje é de US$ 30.000 ao mês.

Ao mesmo tempo que os níveis salariais aumentam, a disputa por profissionais é cada vez mais intensa, diz Flávio Marques, gerente da CTIS, uma das maiores e mais antigas empresas de tecnologia da informação do Brasil com 8.500 funcionários e uma receita, em 2010, de R$ 720 milhões (US$ 436 milhões).

Marques diz que é fácil encontrar generalistas, mas achar especialistas é praticamente impossível. "Se peço ao meu RH que encontre 50 engenheiros de TI, terei 50 engenheiros qualificados em duas semanas", diz. "Se peço ao RH dez profissionais com conhecimento de engenharia de software e que falem inglês fluentemente, é provável que eles não encontrem ninguém [...] Se você precisar de alguém com sólidos conhecimentos de língua estrangeira e que faça o mesmo que um profissional formado pelo MIT (Massachussets Institute of Technology), aí então a coisa se complica de verdade."

Contudo, Paulo Nascimento, um dos principais pesquisadores do estudo feito pelo Ipea, diz que a falta de mão de obra altamente qualificada não é tão crítica quanto parece. Ele salienta que 38% dos estudantes que se formaram em cursos superiores de engenharia trabalham como engenheiros, e se a economia crescer a um ritmo constante de 3,5%, esse contingente subirá para 44%. "No momento em que 70% dos formados em engenharia estiverem em campo, será então uma questão de oferta", diz. "Mas um nível desses estaria acima do que se vê mundialmente."

Tal com outros, porém, ele prevê que "gerentes e engenheiros especializados em alguns poucos setores terão salários mais altos e maiores oportunidades de trabalho, porque há uma maior demanda e o know-how nessas especialidades pode ser escasso".

Entre 2004 e 2009, o salário dos engenheiros de biotecnologia aumentou 24,4%, enquanto a demanda por esse profissional subiu 35,5%, segundo dados do Ipea. Geólogos e geofísicos, engenheiros especializados na localização de gás natural e depósitos de petróleo, para não falar de minérios, tiveram aumento salarial de 11% e um crescimento de 43,1% na demanda por seu tipo de trabalho. A demanda por engenheiros da computação, assim como por analistas de sistemas, subiu 12% com aumento médio de salário de 3,5%.

Um setor que vale a pena acompanhar de perto é o da energia. Segundo o Ipea, se a economia crescer em média 2,5% apenas, mesmo assim o setor terá um aumento na demanda por engenheiros de 13,3%. Se a economia crescer 4% nos próximos dez anos, a demanda por engenheiros deverá aumentar 16%. No setor de mineração, 2,5% do crescimento do PIB se traduzirá em um aumento anual de 8,7% na demanda por engenheiros entre 2011 e 2020; se o crescimento for de 4% do PIB, a demanda subirá para 10%.

Sucesso

Alguns setores estão mais preparados do que outros. Pádua, da Única, diz que as faculdades e universidades locais voltadas para o agronegócio, como a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) constituem um grupo importante de fornecedores de novos cérebros para o imenso setor do agronegócio brasileiro. "A Esalq está preparando o setor para aquilo de que ele necessita hoje", diz Pádua. "As empresas estão treinando os trabalhadores menos preparados para que aprendam novas tarefas. As necessidades da mão de obra do setor estão sendo atendidas."

Há outras instituições seguindo na mesma direção. Eike Batista, investidor bilionário e magnata do petróleo, estaria investindo em uma escola naval do Rio de Janeiro com o objetivo de preparar engenheiros e gerentes para o enorme complexo de Porto Açu.

"A solução a longo prazo, é claro, é a educação", diz Monteiro, da Wharton. "A solução a curto prazo consiste em treinar pessoas para o trabalho. Se não for possível contratar o engenheiro desejado, deve-se contratar profissionais com formação em engenharia e treiná-los. Depois, é preciso segurá-los pagando-lhes mais. Isso é sério, é algo que tira o sono dos gerentes que estão contratando e pode vir a se transformar num gargalo para as empresas."

Fonte: wharton.universia.net/ fundacao.anfip.org.br

MEC já trabalha com metas do Plano Nacional de Educação | Jornal Correio do Brasil

MEC já trabalha com metas do Plano Nacional de Educação | Jornal Correio do Brasil

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Educação Digital

Educação Digital
09/04/2011 às 3:43 | Publicado em Artigos e textos, Zuniversitas | 2 Comentários
Tags: Internet, segurança da informação

Ele é um dos maiores especialistas em Segurança da Informação no mundo. Já trabalhou em deversos órgãos e empresas norte-americanas, entre as quais a NSA, que pouca gente conhece mas que é muito mais importante que o FBI e a CIA juntos. O que mais me chamou a atenção nesta entrevista que deu ao Correio Braziliense, em 25 de março passado, foi o tema da Educação Digital. Ele enfatiza que nenhum país do mundo, nem os EUA, está cem por cento preparado para os ataques contra sua infraestrutura digital e o ‘alarme já tocou’. Novamente, como não encontrei o texto integral na grande rede, tive que digitalizá-lo.

Dois destaques:

(1) Se eu pudesse dar um conselho aos países : para se prepararem para o futuro, esse conselho ‘ seria dar educação virtual já a partir dos primeiros níveis de ensino.”

(2) “Nos anos 1960, 1970, ninguém estava preocupado com o cinto de segurança, você só queria que o carro andasse. Com o passar do tempo, o governo começou a colocar alguns critérios. Hoje, quando compramos um carro, estamos mais preparados, então, não nos importamos tanto com o desempenho, mas sim com a segurança E isso se refletiu no investimento que as fabricantes fizeram. Nos anos 1970, de 10% a 15% do valor do carro correspondia a itens de segurança. Hoje, esse índice pode chegar a 30%. O mesmo vai acontecer com a internet.”






DEFESAS MEDIEVAIS (Robert Lentz)

Robert Lentz é um norte-americano típico. Não só pelos traços físicos - cabelos, pele e olhos claros -, mas, principalmente, por sua preocupação constante com a segurança. Filho do país mais reeoso de suas vulnerabilidades, Lentz mantém Um olho no futuro. Planeja estratégias de defesa ~ara um mundo sem minas e bombas, mas rer!m de um perigo crescente: o crime cibernético. r é categórico ao afirmar que nenhuma nação está bem preparada para lidar com as ameaças hrtuais, nem mesmo os Estados Unidos.

O especialista começou sua carreira na Agência Nacional de Segurança norte-americana (NSA, na sigla em inglês) em 1975 e, desde então, nunca deixou de dar assistência ao governo do país. Foi vice-subsecretário de Segurança Virtual, de Identidade e de Informação do Departamento de Defesa e ajudou a organizar programas de segurança cibernética para o órgão. Em 2009, fundou uma consulto ria, a Cyber Security Strategies, que presta serviços à Defesa dos EUA. Lentz também é consultor da empresa de segurança digital McAfee, que promoveu um seminário para entidades do governo brasileiro esta semana em Brasília e no Rio de Janeiro.
Em visita à capital brasileira, Lentz elogiou a arquitetura da cidade e se empolgou com as vantagens de proteger um lugar planejado. Algo bem diferente do mundo virtual, que se expande a uma velocidade exponencial e particamente semcontrole. “Nós vivemos na era da informação e as nações que realmente quiserem estar nesse tempo devem colocar cada vez mais informações na rede‘; afirma o especialista. “O que nós precisamos fazer é nos preparar para essa onda tecnologica”, diz.

Lentz falou ao Correio sobre as principais vulnerabilidades de entidades governamentais e empresas privadas que se expõem na web. Segundo ele, a melhoria da segurança precisa passar por uma regulação, do governo e das próprias companhias. No futuro, afirma o presidente da Cyber Security Strategies, as pessoas estarão mais atentas aos dados que colocam na rede, assim como passaram a se preocupar com o uso de cinto de segurança em automôveis. Tudo, porém, só vai funcionar quando os usuários I de internet se derem conta dos perigos dessa .• teia. “Se eu pudesse dar um conselho aos países : para se prepararem para o futuro, esse conselho ‘ seria dar educação virtual já a partir dos primeiros níveis de ensino.” Leia, abaixo, os principais pontos da entrevista.


GOVENOS NA WEB


“O primeiro risco é o roubo de informações que as instituições governamentais lançam na rede. Os próprios usuários estão ficando cada vez mais sensíveis a esse fato, ninguém quer ter sua identidade roubada ou suas comunicações publicadas – basta ver o caso do WikiLeaks, por exemplo. É óbvio que governos e instituições bancárias não querem ter suas informações manipuladas, mas isso atinge outros setores também. Imagine centros médicos onde os dados de pacientes estejam vulneráveis, ou onde haja possibilidade de duplicação de uma receita médica ou, ainda, onde alguém consiga acrescentar um zero a mais em algum relatório.
Outro grande risco é a negação de serviço on-line (deníal-of-servicef um problema que atinge também as empresas privadas. Essas coisas afetam a marca e a credibilidade: se você quiser acessar uma informação em um site e ele não estiver disponível, o que você vai fazer? A verdade é que, cada vez mais, as pessoas dependem da internet e, quanto mais dependência, mais difícil é garantir a segurança dos dados compartilhados na rede.”


SETOR PRIVADO

“Para as empresas privadas, o principal problema é o roubo de propriedade intelectual. Além de a marca sofrer impactos negativos, as companhias podem acumular prejuízo financeiro, principalmente se as pessoas não conseguirem acreditar que suas informações estão a salvo com essa empresa. O mais grave é que, quando há ameaça à integridade do produto que é.oferecido, os danos podem ser catastróficos. Isso está presente em negócios ‘de todos os tamanhos, mas, algumas vezes, as pequenas empresas estão mais preparadas para lidar com essa situação. Todas elas, contudo, precisam trabalhar a conscientização. Também acho que os países têm que estar munidos com uma espécie de seguro contra esses problemas e isso se dá por meio da definição de regras para comércio eletrônico, por exemplo.”

DEFESA NACIONAL

“Eu acho que todos os países, com exceção de alguns poucos, ainda estão na era medieval nesse assunto. A maioria dos usuários ainda ignora o fato de que é preciso se cuidar na web, ou então acredita que a questão vai se resolver sozinha, ou nega o problema, em virtude do grande esforço que teria de ser empregado para resolvê-lo. No fim das contas, isso é mais ou menos como a saúde humana. Algumas pessoas vão ao médico regularmente, não fumam, fazem exercícios. Outras simplesmente ignoram esse tema e, mais tarde, acabam pagando por essa falta de compromisso. Até agoraporque essa é uma revolução nova – as consequências têm sido relativamente controladas. Mas a realidade é que os cibercriminosos vêm se tomando cada vez mais astutos. Eu acho importante que os governos comecem a proteger suas economias e suas populações.”

PREPARO

“Há vários países que estão investindo muito na proteção de suas infraestruturas on-line, mas em uma escala de A a E, pouquissímos chegariam ao nível B, se é que há algum nesse nível. A maioria dos que estão preocupados com o assunto estão com nota C. Isso nos deixa vulneráveis como nações individualmente falando e, como coletividade, muito ainda precisa ser feito. A Estônia é um dos lugares onde as medidas de segurança virtual já geraram bons resultados. Eles pagaram caro, investiram muito. Mas também trata-se de um país pequeno, que tem maior agilidade para implantar soluções de segurança e conscientizar a população.”

EDUCAÇÃO

“A maior parte do problema é a forma como as pessoas o encaram. Não há dúvidas de que é preciso investir muito em educação, treinamento e conscientização. Se eu pudesse dar um conselho aos países parase prepararem para o futuro, esse conselho seria dar educação virtual já a partir dos primeiros níveis de ensino. As crianças e os estudantes mais velhos precisam ter acesso a bons programas de segurança, mecanismos que ensinem o valor das informações. O governo também deve definir padrões mínimos de segurança para indivíduos e companhias que fazem negócios na internet. Isso, como um todo, fará com que a conscientização fique maior, assim como a proeficiência técnica”

PROBABILIDADE

“Se você se coloca, cada vez mais, em situações de exposição, onde está sempre lidando com o desconhecido, você está mais vulnerável. Em compensação, há mais redes sociais que exigem autenticação, para dar maior confiança aos outros usuários do serviço. Há,sim, mais exigências para melhorar segurança. Em uma analogia, ocorre com a rede de computadores o mesmo que houve com os automóveis. Nos anos 1960, 1970, ninguém estava preocupado com o cinto de segurança, você só queria que o carro andasse. Com o passar do tempo, o governo começou a colocar alguns critérios. Hoje, quando compramos um carro, estamos mais preparados, então, não nos importamos tanto com o desempenho, mas sim com a segurança E isso se refletiu no investimento que as fabricantes fizeram. Nos anos 1970, de 10% a 15% do valor do carro correspondia a itens de segurança. Hoje, esse índice pode chegar a 30%. O mesmo vai acontecer com a internet.”

CIBERGUERRA


“Ainda não ficou provado que um Estado tenha tentado atacar virtualmente outro Estado, mas, certamente, o Stuxnet (que contaminou sistemas de usinas nucleares do Irã em 2009) é uma demonstração da sofisticação cada vez maior desse tipo de ameaça. No irúcio de 2010, nós tivemos a Operação Aurora, uma vulnerabilidade que afetou muítas empresas de TI. Ela foi um exemplo de ataque programado para ocorrer em um dia específico, Já o Stuxnet tinha sete, oito ataques adicionais embutidos, que podem muito bem surgir amanhã como uma variante desse vírus. Essas coisas podem ser usadas por organizações criminosas e, em alguns casos, sob variantes ainda mais sofisticadas. Seja como for, isso alarma profissionais como eu, porque nós estamos vendo que as ameaças estão crescendo mais rapidamente do que nós esperávamos. O alarme já tocou e sabemos que a gente precisa arrumar a casa”.

FUTURO


“Você não acha que, daqui um tempo, todo mundo vai depender de tecnologias digitais para gerenciar a vida? É claro que sim. Quem disser que não, estará reproduzindo o discurso daquelas pessoas que eram contrárias às linhas férreas, por exemplo. Eles diziam que aquilo não era seguro, que era mais fácil lidar com carroças e cavalos. Isso não existe! Nós vivemos na era da informação e as nações que realmente quiserem estar nesse tempo devem colocar cada vez mais informações na rede. Não acredito que seja possível nos desligarmos dessa dependência tecnológica, ainda mais se nós realmente quisermos nos manter competitivos. O que nós precisamos fazer é nos preparar para essa onda tecnológica. Ainda mais o Brasil, uma das principais economias do mundo, com potencial para se tornar uma grande economia digital.”

PARA SABER MAIS:
1 – OFENSIVA NO BRASIL

A vinda de Robert Lentz ao Brasil foi patrocinada pela empresa de segurança digital McAfee - com a qual o especialista norte-americano colabora. A companhia organizou dois dias de palestras voltadas aos gestores de tecnologia em órgãos governamentais. O primeiro dia do evento foi em Brasília, centro do poder, e o segundo, no Rio de Janeiro, cidade que concentra muitas empresas públicas. A ideia é fazer com que mais pessoas conheçam os produtos da empresa. Cerca de 35% da receita da McAfee no Brasil provém de acordos com o governo. “Mas nós queremos aumentar essa margem. Não há uma meta clara, mas queremos mostrar como o uso das soluções de forma integrada pode facilitar a gestão de TI’; conta Márcio Lebrão, diretor da McAfee no . Brasil. Segundo Lebrão, um dos principais desafios por aqui é vencer a burocrática lei de licitações (8.666/1993), pela qual, na maioria das vezes, vence o concorrente que tem o melhor preço. “O problema é que, em muitos casos, você não compra o produto que melhor lhe atenderia.”

2 – AMEAÇA CORPORATIVA

Em janeiro de 2010, empresas de segurança registraram um ataque chamado Operação Aurora, que expLorava vuLnerabiLidades do Internet ExpLorer para invadir redes corporativas em todo o mundo. A McAfee aLertou a Microsoft sobre o probLema e a fabricante de softwares ofereceu a correção dentro de poucos dias. O que aLarmou muitos estudiosos foi que boa parte das redes atingidas eram de empresas de tecnoLogia da informação, as que mais deveriam estar preparadas contra esse problema.

Fonte: ZEducando: http://joserosafilho.wordpress.com

Negócio da China: salto na Educação

Negócio da China: salto na Educação
10/04/2011 às 3:55 | Publicado em Artigos e textos, Zuniversitas | Deixar um comentário
Tags: China, Educação
O autor deste artigo, Fábio Colleti Barbosa, já esteve presente aqui antes num post com vídeo e artigo que intitulei “Mundo em rede”.
Desta feita, ele trata do ‘fenômeno China’, mas sob uma perspectiva que poucos abordam, a Educação. Destaco dois trechos do artigo:






(1) “…O que realmente parece dar sustentação a essa arrancada da economia chinesa é o salto na educação. Os chineses estão estrategicamente investindo nos seus jovens.
Alguns dados:
- há cerca de 130 mil chineses em cursos de pós-graduação nos EUA;
- há mais de 300 milhões de crianças aprendendo inglês na China;
- quatro universidades chinesas apareceram no recente ranking das cem melhores do mundo (nenhuma brasileira);
- Xangai apareceu em 1º lugar num relatório divulgado pela OCDE em que o Brasil ficou em 53º lugar;
- um caminhar pelas ruas de Boston ou de Oxford comprovará o tanto que há de estudantes nesses locais, assim como se pode passear por Pequim, ou uma cidade do interior, e testemunhar que a garotada já sabe arranhar bem o seu inglês.”
(2) “Podemos continuar a protestar e a tomar medidas protecionistas de curto prazo contra os produtos chineses. Até concordo que, em alguns casos, isso é necessário, mas estou convencido de que seria mais útil devotarmos nossa energia para aumentar a eficiência de nossa economia e, sobretudo, transformar nossos níveis de educação.”


EDUCAÇÃO, o “negócio da China”



A crescente eficiência da China é alicerçada em vultosos investimentos na qualidade da educação
A CHINA já é uma superpotência e o mundo já mudou em razão disso. A novidade é que vem mais por aí e as implicações políticas e culturais disso marcarão o século 21.
O crescente apetite da China por matérias-primas, petróleo e alimentos elevou substancialmente o preço desses bens e, em muitos casos, isso beneficiou, e bastante, a economia brasileira.
Em outros setores, o impacto causado pelos chineses é negativo para o Brasil, por conta da competitividade de seus produtos manufaturados. Temos que nos preparar para lidar com essa realidade, trabalhar as questões ligadas ao “custo Brasil” e acelerar as negociações, pois o fenômeno China veio para ficar.
Muitas vezes ouço previsões de que o modelo chinês não se sustentará e várias razões que aparentemente fazem sentido são apresentadas para suportar esse argumento.
Possível bolha imobiliária, qualidade dos ativos dos bancos, migração rural, demanda por maior abertura democrática etc. estão frequentemente na lista dos alertas feitos repetidamente nos últimos muitos anos. O fato, porém, é que a economia chinesa cresceu a uma média de 9% anuais nos últimos 34 anos -e há 33 anos os economistas ocidentais dizem que esse crescimento não vai perdurar!
Esse erro de avaliação sugere que temos um frágil conhecimento do que acontece na China. Não pretendo aqui ter respostas definitivas sobre o processo de desenvolvimento chinês, mas sim chamar a atenção para alguns aspectos e mitos.
O primeiro destaque que faço é sobre a percepção que se tem de que a China só cresce na faixa litorânea ou nas zonas ligadas à exportação.
Há poucos anos, viajei pelo interior da China para regiões pouco visitadas por turistas estrangeiros e pude ver quão abrangente é a mudança que ocorre em todo o país. Claro que de forma desigual, mas ainda assim é comum encontrar aeroportos, estradas, banda larga e hotéis modernos e de bom nível. O mercado interno chinês é gigantesco, e um exemplo é que neste ano a China deverá produzir perto de 16 milhões de veículos (o Brasil produziu 3,6 milhões em 2010), tornando-se o maior produtor mundial, e quase tudo para consumo interno.
O segundo ponto tem a ver com os produtos chineses, muitas vezes associados a menor qualidade. Isso está mudando. Empresários comprovam a evolução por conta dos equipamentos industriais de alta tecnologia que compram da China.
Assim como seus vizinhos Japão e Coreia do Sul, que entraram no mercado global com produtos de baixo valor agregado e rapidamente migraram para produtos de alta qualidade, a China avança rapidamente.
Mas o que realmente parece dar sustentação a essa arrancada da economia chinesa é o salto na educação. Os chineses estão estrategicamente investindo nos seus jovens.
Alguns dados: há cerca de 130 mil chineses em cursos de pós-graduação nos EUA; há mais de 300 milhões de crianças aprendendo inglês na China; quatro universidades chinesas apareceram no recente ranking das cem melhores do mundo (nenhuma brasileira, a propósito).
Xangai apareceu em 1º lugar num relatório divulgado pela OCDE em que o Brasil ficou em 53º lugar. Um caminhar pelas ruas de Boston ou de Oxford comprovará o tanto que há de estudantes nesses locais, assim como se pode passear por Pequim, ou uma cidade do interior, e testemunhar que a garotada já sabe arranhar bem o seu inglês.
Portanto, o que acontece na China não me parece algo passageiro ou fruto de uma estratégia apenas focada em subsídios ou distorção cambial. A crescente eficiência da China está sendo alicerçada com vultosos investimentos na qualidade da educação em todos os níveis.
Podemos continuar a protestar e a tomar medidas protecionistas de curto prazo contra os produtos chineses. Até concordo que, em alguns casos, isso é necessário, mas estou convencido de que seria mais útil devotarmos nossa energia para aumentar a eficiência de nossa economia e, sobretudo, transformar nossos níveis de educação.
Ou seja, hoje, o tal “negócio da China” parece ser mesmo o investimento na educação. Vamos seguir essa onda!

FONTE: Correio Braziliense, 27/03/2011
FÁBIO COLLETTI BARBOSA, 55, administrador de empresas, é presidente do conselho de administração do Banco Santander. colletti.barbosa@gmail.com

Fonte: Matéria extraída do blog Zéducando: http://joserosafilho.wordpress.com